Retrato
Cecília Meireles
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias, e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou perdida
a minha face?
MEIRELES, Cecília. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.
Imagem: Van Gogh, Old man in sorrow (on the threshold of eternity), Abril-maio de 1890.
Um comentário:
nossa, eu li esse texto no colégio, há milanos. nem lembrava que era tão lindo. legal seu blog!
Postar um comentário