22 abril 2006

O eterno retorno

Escher, 'Alto e baixo'"que diria você se um dia ou se uma noite
um demônio adentrasse em sua solidão e

dissesse esta vida tal como a vive agora
você viverá mais uma e inúmeras vezes
e nada haverá de novo
cada dor, cada prazer, cada pensamento, cada gemido
tudo o que existe de grande e pequeno voltará
esta aranha, o luar entre as árvores, este instante e eu mesmo
a eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez
e você com ela, ínfima poeira
você rangeria os dentes e amaldiçoaria o demônio?
ou diria que nunca ouvira palavras tão divinas
este pensamento transformaria,

tomaria conta de você ou talvez lhe esmague
eu pergunto se você quer viver isso mais uma e inúmeras vezes
será necessário querer bem a você e a sua vida

nada mais desejar a não ser este eterno retorno"

Nietzsche, parágrafo (341) de "a gaia ciência". Posted by Picasa

3 comentários:

Madame Bovary disse...

Oi Camarada.. voltar só valeria para encontrar as pessoas "bacanas" que fazem a vida e suas adjacências sobremaneira lépida e garrida.Por outro lado temos um paradoxo-não convergente dante da perspectiva de dissolver-se em um sumidouro da cor do ébano. Incontestável a volúpia pueril do ser respirante pela existência.
sentir o coração pulsar é um desejo onipotente ...mas voltar da mesma forma é uma atitude descortês por parte do senhor proprietário desse sistema....ósculo.

Marcos disse...

Madame Bovary,
Vou me preparar para as aulas de Introdução à Semântica, tentando interpretar seu comentário. Pelo que entendi de sua resposta, o que justifica o retorno descrito no texto é a possibilidade de se encontrar pessoas bacanas que trazem alegria à nossa vida. Concordo com você, porém acredito que o eterno retorno que Nietzsche descreve é involuntário. Não nos é facultado escolher se queremos ou não retornar todos os dias, estamos condenados a isso. O que nos cabe é viver a vida longe da culpa e do ressentimento (longe do bem/mal). É dizer 'sim' à vida sinceramente, tal maneira que tudo poderia se repetir, eternamente, sem que isto significasse um tédio, ou uma prisão. Para mim, o eterno retorno significa que devemos agir de maneira sincera com nós mesmos, de tal forma que não nos arrependeríamos se nossa ação fosse multiplicada infinitamente. Vou parando por aqui, mas acho que seria legal devanear um pouco mais sobre isso, numa outra postagem...
Até mais.

Madame Bovary disse...

acho q Entendi o q Nietzsche quis dizer e vc conseguiu esclarecer de uma maneira bem supinpa os significados ainda ocultos para minha mente por vzs sobremaneira racional.....penso q O problema com nossos filósofos é o fato de sempre nos condenarem a algo..... não temos direito a escolhas ...tudo acaba sendo invluntário....sem prerrogativas...estamos subordiandos ....
.teríamos que acreditar-aceitar um Destino cruel e sem sentindo....é tudo muito bonito essa coisa de vivermos sinceramente diante de nós mesmos..e dos adjacentes ...sinceramente o
tédio é imanente ao eterno retorno ......
meio sem lógica ..parece a mesma idéia defendida pelo Jim Morrisom naquela história do filme que passa eternamente diante de seus olhos....
quem sou eu ?? uma pobre mortal questionando os postulados de Nietzsche???/ é muita petulância!!!!! eu gosto de muitas coisas do carinha ...
baby, certo é o fato de meu arcabouço cognitivo não alcançar o gênio do gênio ... ,mas sinceramente a Filosofia por vzs me deixa agastada.....
seus devaneios são mó massa vééééééíiiii..... ( uma maneira de dizer que adoro teus escritos)
na verdade fico Sempre estarrecida e arqueada diante de seus comentários....sua lucidez refulgente ilumina os caóticos pensamentos desta que vos fala....e tenho dito...