24 janeiro 2006

Chão de Estrelas

Silvio Caldas/Orestes Barbosa



minha vida era um palco iluminado
eu vivia vestido de dourado
palhaço das perdidas ilusões

cheio dos guizos falsos da alegria
andei cantando a minha fantasia
entre as palmas febris dos corações

meu barracão no morro do salgueiro
tinha o cantar alegre de um viveiro
foste a sonoridade que acabou

e hoje, quando do sol, a claridade
forra o meu barracão, sinto saudade
da mulher pomba-rola que voou

nossas roupas comuns dependuradas
na janela qual bandeiras agitadas
pareciam um estranho festival

festa dos nossos trapos coloridos
a mostrar que nos morros mal vestidos
é sempre feriado nacional

a porta do barraco era sem trinco
mas a lua furando nosso zinco
salpicava de estrelas nosso chão

tu pisavas nos astros distraída
sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão.

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